A Derivada - Interpretação Geométrica.
Vimos que, em cada ponto , a derivada pode ser calculada como o limite da razão:
A razão mede a inclinação da corda
Observe, na Figura (REF NÃO APARECENDO) que essa razão é, para cada , a inclinação da corda do arco do gráfico entre e .
Quando se aproxima de , a direção da corda se aproxima da direção tangente ao gráfico. No limite, temos a direção tangente.
Vemos, então, que é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de em .
Qual será, então, a equação da reta tangente? Como o coeficiente angular é , temos:
Como é um ponto da reta, escrevemos e a expressão está dada. Note que a equação dessa reta é exatamente a aproximação que buscamos quando definimos derivada. Nesse momento, é conveniente organizar um pouco o que já sabemos.
Inicialmente procuramos uma aproximação para , perto de , da forma:
Fizemos algumas restrições sobre as propriedades dessa aproximação.
Definimos a derivada como sendo o valor de na aproximação, quando existisse.
Nesse caso, passamos a denotar a derivada por e, consequentemente, a escrever:
Verificamos que, se a aproximação existisse, poderia ser calculada como:
Verificamos que o valor desse limite é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de no ponto
Concluímos que a reta que aproxima , na nossa pergunta inicial, é justamente essa reta tangente.
Vamos explorar um pouco todas as informações que obtivemos até agora.
Exemplo 1
Se , qual será a derivada de em algum ponto do seu domínio?
No caso dessa função, o gráfico já é uma reta. A tangente a qualquer reta, em qualquer ponto, é a própria reta. E como a derivada mede o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico, concluímos que, em qualquer valor de , .
Exemplo 2
Se , quanto vale a derivada de em ?
Não é difícil ver que a reta tangente ao gráfico de em é o próprio eixo , que tem coeficiente angular . Portanto, .
Exemplo 3
Como comparamos as derivadas de duas funções cuja diferença é uma constante? Observe que as direções tangentes não se alteram quando deslocamos o gráfico verticalmente. Nesse caso, as derivadas, em cada ponto, são iguais.
Exemplo 4
Conhecendo o gráfico da função é possível determinar o sinal da derivada. Na figura a seguir vemos que o coeficiente angular da reta tangente é positivo para valores de menores que , muito próximo a em e negativo em .
Suponha que a figura acima representa o gráfico de uma função . A pergunta chave é: existe relação entre o sinal da derivada e alguma propriedade de ? Vamos analisar o comportamento da função imaginando que caminhamos sobre o eixo , começando em algum valor de . É possível ver que, à medida que cresce, os valores de também aumentam até que chegamos a , quando o valor de atinge um máximo. Dizemos, nesse caso, que existe um intervalo , no qual é crescente. Observamos que, nesse intervalo, o sinal da derivada é positivo.
Se continuarmos caminhando sobre o eixo a partir de , sempre na direção positiva, vemos que à medida que cresce, o valor de diminui. Nesse caso, constatamos que existe um intervalo , em que é uma função decrescente. Notamos que nesse intervalo o sinal da derivada é negativo.
A partir dessas observações, é natural investigar se essa associação entre o sinal da derivada e o crescimento/decrescimento de uma função é uma propriedade que vale para uma função diferenciável qualquer.
Dada uma função qualquer, diferenciável em algum intervalo , vamos fixar em I. Suponha que é positivo. Para algum , escrevemos:
Imagine que, na equação 1, e que está suficientemente próximo de de tal modo que o valor de é desprezível.
Podemos supor isso pela definição de derivada
Nesse caso, podemos dizer que (pois e ) e, portanto, . Por outro lado, se , é negativo e . Argumentando desse modo, é possível mostrar que se existe um intervalo em torno de no qual é crescente. Analisando a mesma expressão 1 também é possível concluir que, se é diferenciável e crescente em um intervalo, a derivada de é não negativa nesse intervalo. Basicamente, se é crescente, quando e, para que isso aconteça, não pode ser negativa de acordo com a expressão. Aqui, é importante observar que, em alguns casos, se a função é crescente em um intervalo, a derivada pode se anular em pontos isolados desse intervalo como no exemplo de
discutido ao final dessa seção. Todavia, não será negativa em ponto algum.
Um raciocínio análogo permite concluir que então existe um intervalo em torno de no qual é decrescente. Por exclusão, podemos concluir que vale em um intervalo se e somente se é constante naquele intervalo (faça um desenho para entender essa afirmação geometricamente).
Para organizar as ideias, escrevemos:
Seja uma função diferenciável em um intervalo . Então:
Se para algum , então existe um Intervalo em torno de em que é crescente.
Se para algum , então existe um Intervalo em torno de em que é decrescente.
Se é crescente em um intervalo , então se .
Se é decrescente em um intervalo , então se .
Se em algum intervalo , , então é constante em .
Esta última afirmação é mais sutil. Veremos mais adiante no curso, que decorre do Teorema do Valor Médio.
Observe no próximo exemplo que a derivada pode ser nula em algum ponto no interior de um intervalo onde a função é crescente (ou decrescente).
Exemplo 5
Considere a função . Como pode ver no gráfico abaixo, a função é crescente em todo o seu domínio e se anula apenas no ponto , sendo positiva em todos os outros pontos.
Vimos alguns exemplos de como explorar o que já sabemos sobre derivadas, usando o gráfico. A lista de exercícios cuida bastante dessa ideia também.